Como ser feliz no trabalho
Eu tenho muitos amigos que odeiam o seu trabalho. A maioria deles encara o trabalho como uma forma de gerar dinheiro ao invés de uma forma de gerar felicidade. Eles investem metade da sua vida ganhando dinheiro e sendo infeliz para sustentar a outra metade da vida gastando dinheiro e sendo feliz. O somatório de felicidade é zero.
Todos esses amigos que são infelizes no trabalho, trabalham para outras pessoas. Não estou dizendo que trabalhar para outras pessoas te deixa infeliz, mas que do universo de pessoas infelizes no trabalho que eu conheço, 100% delas trabalha para outras pessoas. Deve ter algo de especial em trabalhar pra si mesmo.
Eu vejo exemplos de como é especial com frequência. Nos últimos meses, um amigo que trabalhava para os outros numa posição que odiava para bancar um estilo de vida que amava, resolveu fazer o contrário: abrir uma empresa e esperar que o dinheiro viesse como consequência. Ele floresceu como eu nunca tinha visto. Ficou obcecado, sentiu propósito, me disse que não tinha mais volta. Nos meses seguintes, ele levantou 6 milhões de dólares para sua startup. Foi como a gravidade, impossível de escapar.
A mesma coisa aconteceu comigo. Dos 18 aos 22 anos, eu trabalhei em escritórios de advocacia e no setor publico, fazendo coisas que eu não gostava. Todas as minhas tarefas pareciam trabalhos escolares. Muitas pessoas conseguem suportar isso porque enxergam como parte natural do começo da vida profissional. Mas eu não conseguia suportar. Quando comecei a empreender, foi como se eu tivesse entrado no meu habitat natural; como se eu tivesse sido um peixe num aquário que pela primeira vez foi colocado no oceano.
Mas como saber se você é infeliz no trabalho? Faça esse exercício: das 20 vezes que seu despertador toca de manhã, quantas vezes você fica feliz ou pelo menos neutro? Mais da metade? Se a resposta for sim, você provavelmente gosta do que você faz. Ninguém que acorda pra fazer algo que odeia fica feliz quando o despertador toca.
Pessoas aturam trabalhos que os deixam infelizes porque são acostumados a fazer isso desde a infância. Quantos amigos você tem que gostavam de ir pra escola? Eu não tenho nenhum. Somos acostumados desde cedo que o preço para ser feliz é ocupar a maioria do seu tempo fazendo coisas que te deixam infeliz. E veja só: a única felicidade dentro da mecânica escolar é tirar notas boas. Viu como se parece com o mundo adulto? Pessoas fazendo coisas que não gostam para ganhar números em troca.
Os adultos também tem papel importante nisso. Quando crianças desenvolvem hobbies, ao invés de incentivá-los de que aquilo pode ser um trabalho no futuro (como por exemplo um adolescente que gosta de desenhar e poderia se tornar um desenhista ou arquiteto), adultos encorajam a investir nesses hobbies até certo limite. O limite é “faça isso no seu tempo livre, mas o foco principal é sempre a escola”. Hobbies são categorizados como um intervalo divertido numa vida de coisas chatas.
Se você é um pai lendo isso e quer evitar que seu filho tenha chances de ser infeliz no trabalho, faça ele investir nos seus hobbies. Meus pais fizeram isso muito bem. Quando eu criei um blog, eles disseram que eu poderia virar jornalista; quando eu cobrava 200 reais para desbloquear iPhones, eles incentivaram minha veia empreendedora, quando eu comecei a escrever textos de ficção, eles sugeriram que eu publicasse um livro. Eu acabei não fazendo a maioria dessas coisas, mas esse apoio foi fundamental para que eu percebesse que o caminho da felicidade no trabalho é simplesmente continuar investindo nos projetos que você gosta.
E existe uma fórmula perfeita para ser feliz no trabalho? Provavelmente não, mas meu irmão me disse uma frase no último fim de semana que eu acho que se aproxima bem. Você tem duas opções na vida: ou você busca alguma coisa que te deixa feliz e espera que o dinheiro venha como consequência, ou você busca o dinheiro e espera que a felicidade venha como consequência. É simples assim. Se você escolhe a primeira opção, você aumenta suas chances de ser feliz e se você escolhe a segunda opção você aumenta suas chances de ganhar dinheiro.
Tem um ditado que diz que fazendo aquilo que você gosta, o dinheiro virá como consequência. Eu sempre achei que isso fosse impossível. Que força mágica é essa que te faz ganhar muito dinheiro quando você trabalha com o que você gosta? Eu descobri que a força mágica tem dois nomes: qualidade e persistência. Quando você faz alguma coisa que te inspira, você faz ela por mais tempo e com mais qualidade. E coisas bem feitas por natureza geram valor. E coisas que geram valor, geram dinheiro. Não é uma fórmula perfeita, mas parece funcionar.
Então eis o macete para ser feliz no trabalho: invista nos seus projetos pessoais, escolha um trabalho que prioritariamente te deixa feliz, ao invés de um que prioritariamente te deixa rico (trabalhando para os outros ou não) e seja persistente o suficiente para chegar ao patamar financeiro que você espera.
Como se fosse simples, né?